Filme "A Arte do Barro"

O Poeta e Escritor Roberto Belo finalizou as filmagens do curta-metragem "A arte do barro",em Tracunhaém,Pernambuco,que foi promovido pelo Instituto Marlin Azul,com patrocínio da Petrobras Cultural,conforme edital público publicado no Diário Oficial,em 2010.

O filme contou com a participação de 40 pessoas no elenco e 10 na produção.Parabéns aos moradores desta cidade que contribuíram de forma significante para o engrandecimento da cultura local.

O lançamento nacional do filme está previsto para o mês de abril,no Rio de Janeiro.Além de ser apresentado na cidade de origem,o curta será exibido nos festivais de cinema e vídeos nacionais e internacionais.A partir de 2011 será disponibilizado em dvd para distribuição gratuita entre as instituições culturais de todo o país.

Segue,na íntegra,o conto de Roberto Belo selecionado pelo projeto Revelando os Brasis IV:


A Arte do Barro

Partiu João caminho afora montado no seu jerico Marreco. O sol escaldante da Zona da Mata pernambucana os acompanhava ao som de maracatus, pois a caminhada parecia não ter fim. A estrada de um lado ao outro enfeitada com cana de açúcar, afinal, são mais de trinta engenhos que dominam a pequena cidade de Tracunhaém. Engenhos que servem apenas como campos de plantio para outros senhores de municípios vizinhos.

João não tem vergonha de ser bóia-fria como tantos outros de sua cidade. Tem mesmo é medo da fome. Sem muito serviço, largou hoje mais cedo do canavial. Mora próximo.Com a ajuda do companheiro, que comprara com o dinheiro das esculturas de barro, sai pela estrada sem rumo, sem direção certa. Diverte-se com o bicho ao caminhar. O Marreco mais parece um cavalo,_pensa João consigo mesmo. E sorri a toa. Lembra-se do pai, que morrera ano passado, e que sonhava ter um jerico desse equipado. Na verdade, um amigo para enfrentar a vida.

Chega enfim ao centro da cidade. Fala com meia dúzia de gente que passa. Difícil dar de cara com pessoas desconhecidas. Passa pela praça e se benze ao ver a igreja.Cumprimenta a freira Maricota que está animada mostrando o templo aos novos frades que visitam a pequena Tracunhaém. Saindo, encontra um grupo alegre dançando ciranda. Desce do animal e também dança. Gosta de ver o grupo reunido e as senhoras cantando sem medida. Agora entendo que é daí que João tira suas obras de arte, que nascem frutos da imaginação para o barro. 

Marreco com sede foge sozinho para casa. Conhece a cidade como sua pata. João o segue logo após. O homem chega a casa e vai pro terreiro fazer o que mais sabe: trabalhar o barro. João é oleiro. Tracunhaém é a cidade dos oleiros. Aqui todos sabem criar figuras e produzir arte popular, que é a arte da vida. O oleiro pede para sua mulher,dona Joana, tombar água da cacimba para amolecer o seu material de trabalho. A vida
em Tracunhaém é assim: igreja, cemitério, correios, praça, delegacia e chafariz. Simples e pacata. Os moradores, cansados da amarga vida na cana de açúcar, seguem felizes através do doce que o barro proporciona. E é do barro que as manifestações culturais aparecem e divertem a cidade inteira.

Ora, ao lado da cultura da cana, a cultura do barro serve muitas vezes como alternativa do trabalho no  campo. O barro é uma opção para aqueles que saem da cana em busca de um trabalho melhor. É o meio de sobrevivência de mais da metade da população. Tanto que em cada esquina tem uma lojinha do barro repleta de santos casamenteiros, santos milagrosos, nossa senhora e tantos outros mais. Em cada esquina tem um pedaço de gente, um pedaço de mundo. Além dos santinhos, tem ainda feituras de bonecos, panelinhas e mais bichinhos para criança.

Aqui em Tracunhaém é assim, todo mundo gosta do que faz. Por isso, enquanto a cidade dança e canta, o barro é trabalhado dia e noite, noite e dia, na entrada e no final da rua. O processo é lento e milagroso. Deve-se antes de tudo fazer a mistura certa,escolher uma boa qualidade de barro, entender da ciência do queimar e arrumar cada peça no forno; depois começa o oleiro colocando lenha grossa na boca do forno, durante umas oito horas aproximadamente até caldear, deixando ficar em brasa a parte de cima, em seguida, põe lenha fina, já na parte de dentro, sob o lugar onde as peças foram cuidadosamente arrumadas.

Assim é o dia a dia em Tracunhaém, uma pequenina cidade do interior de Pernambuco,com pouco mais de doze mil habitantes; onde os moradores vivem de forma precária,mas que encontraram a felicidade na arte do barro.

Confira Aqui Algumas Fotos das Gravações. E veja também esses dois vídeos:





Eis a Dama da Literatura Brasileira:Cem anos!

Rachel de Queiroz, nasceu em Fortaleza - CE, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendendo, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna — "dona Miliquinha" — era prima José de Alencar, autor  de "O Guarani"), e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas em Quixadá, onde residiam e seu pai era Juiz de Direito nessa época.

Fugindo dos horrores da seca de 1915, em julho de 1917 transfere-se com sua família para o Rio de Janeiro, fato esse que seria mais tarde aproveitado pela escritora como tema de seu livro de estréia, "O Quinze".Logo depois da chegada, em novembro, mudam-se para Belém do Pará, onde residem por dois anos. Retornam ao Ceará, inicialmente para Guaramiranga e depois Quixadá, onde Rachel é matriculada no curso normal, como interna do Colégio Imaculada Conceição, formando-se professora em 1925, aos 15 anos de idade. Sua formação escolar pára aí.

Rachel retorna à fazenda dos pais, em Quixadá. Dedica-se inteiramente à leitura, orientada por sua mãe, sempre atualizada com lançamento nacionais e estrangeiros, em especial os franceses. O constante ler estimula os primeiros escritos. Envergonhada, não mostrava seus textos a ninguém.
Em 1926, nasce sua irmã caçula, Maria Luiza. Os outros irmãos eram Roberto, Flávio e Luciano, já falecidos).

Submetida a rígido tratamento de saúde, em 1930, face a uma congestão pulmonar e suspeita de tuberculose, a autora se vê obrigada a fazer repouso e resolve escrever "um livro sobre a seca". "O Quinze" — romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca — é mostrado aos pais, que decidem "emprestar" o dinheiro para sua edição, que é publicada em agosto com uma tiragem de mil exemplares. Diante da reação reticente dos críticos cearenses, remete o livro para o Rio de Janeiro e São Paulo, sendo elogiado por Augusto Frederico Schmidt e Mário de Andrade. O livro logo transformaria Rachel numa personalidade literária. Com o dinheiro da venda dos exemplares, a escritora "paga" o empréstimo dos pais.
 
Em março de 1931, recebe no Rio de Janeiro o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha, mantida pelo escritor, em companhia de Murilo Mendes (poesia) e Cícero Dias (pintura). Conhece integrantes do Partido Comunista; de volta a Fortaleza ajuda a fundar o PC cearense.
Casa-se com o poeta bissexto José Auto da Cruz Oliveira, em 1932. É fichada como "agitadora comunista" pela polícia política de Pernambuco. Seu segundo romance, "João Miguel", estava pronto para ser levado ao editor quando a autora é informada de que deveria submetê-lo a um comitê antes de publicá-lo. Semanas depois, em uma reunião no cais do porto do Rio de Janeiro, é informada de que seu livro não fora aprovado pelo PC, porque nele um operário mata outro. Fingindo concordar, Rachel pega os originais de volta e, depois de dizer que não via no partido autoridade para censurar sua obra, foge do local "em desabalada carreira", rompendo com o Partido Comunista.Publica o livro pela editora Schmidt, do Rio, e muda-se para São Paulo, onde se aproxima do grupo trotskista.Nasce, em Fortaleza, no ano de 1933, sua filha Clotilde.
Muda-se para Maceió, em 1935, onde faz amizade com Jorge de Lima, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Aproxima-se, também, do jornalista Arnon de Mello (pai do futuro presidente da República, Fernando Collor, que a agraciou com a Ordem Nacional do Mérito). Sua filha morre aos 18 meses, vítima de septicemia.

O lançamento do romance "Caminho de Pedras", pela José Olympio - Rio, se dá em 1937, que seria sua editora até 1992. Com a decretação do Estado Novo, seus livros são queimados em Salvador - BA, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, sob a acusação de subversivos. Permanece detida, por três meses, na sala de cinema do quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza.
Em 1939, separa-se de seu marido e muda-se para o Rio, onde publica seu quarto romance, "As Três Marias".Estabelece residência na Ilha do Governador, em 1945.
Seu pai vem a falecer em 1948, ano em que publica "A Donzela e a Moura Torta". No ano de 1950, escreve em quarenta edições da revista "O Cruzeiro" o folhetim "O Galo de Ouro".

Sua primeira peça para o teatro, "Lampião", é montada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e no Teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, no ano de 1953. É agraciada, pela montagem paulista, com o Prêmio Saci, conferido pelo jornal "O Estado de São Paulo".Recebe, da Academia Brasileira de Letras, em 1957, o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.Em 1958, publica a peça "A beata Maria do Egito", montada no Teatro Serrador, no Rio, tendo no papel-título a atriz Glauce Rocha.O presidente da República, Jânio Quadros, a convida para ocupar o cargo de ministra da Educação, que é recusado. Na época, justificando sua decisão, teria dito: "Sou apenas jornalista e gostaria de continuar sendo apenas jornalista."
O livro "As Três Marias", com ilustrações de Aldemir Martins, em tradução inglesa, é lançado pela University of Texas Press, em 1964.

O golpe militar de 1964 teve em Rachel uma colaboradora, que "conspirou" a favor da deposição do presidente João Goulart.O presidente general Humberto de Alencar Castelo Branco, seu conterrâneo e aparentado, no ano de 1966 a nomeia para ser delegada do Brasil na 21ª. Sessão da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, junto à Comissão dos Direitos do Homem.Passa a integrar o Conselho Federal de Cultura, em 1967, e lá ficaria até 1985. Depois de visitar a escritora na Fazenda Não me Deixes, em Quixadá, o presidente Castelo Branco morre em desastre aéreo.Estréia na literatura infanto-juvenil, em 1969, com "O Menino Mágico", em 1969.No ano de 1975, publica o romance "Dôra, Doralina".

Em 1977, por 23 votos a 15, e um em brano, Rachel de Queiroz vence o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e torna-se a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras. A eleição acontece no dia 04 de agosto e a posse, em 04 de novembro.  Ocupa a cadeira número 5, fundada por Raimundo Correia, tendo como patrono Bernardo Guimarães e ocupada sucessivamente pelo médico Oswaldo Cruz, o poeta Aluísio de Castro e o jurista, crítico e jornalista Cândido Mota Filho.Retorna à literatura infantil, em 1986, com "Cafute & Perna-de-Pau".A José Olympio Editora lança, em 1989, sua "Obra Reunida", em cinco volumes, com todos os livros que Rachel publicara até então destinados ao público adulto.Segundo notícia que circulou em 1991, a Editora Siciliano, de São Paulo, pagou US$150.000,00 pelos direitos de publicação da obra completa de Rachel.Já na nova editora, lança em 1992 o romance "Memorial de Maria Moura".

Em 1993, recebe dos governos do Brasil e de Portugal, o Prêmio Camões e da União Brasileira de Escritores, o Juca Pato. A Siciliano inicia o relançamento de sua obra completa.Inicia seu livro de memórias, em 1995, escrito em colaboração com a irmã Maria Luiza, que é publicado posteriormente com o título "Tantos anos".Pelo conjunto de sua obra, em 1996, recebe o Prêmio Moinho Santista.

Rachel de Queiroz chega aos 90 anos afirmando que não gosta de escrever e o faz para se sustentar. Ela lembra que começou a escrever para jornais aos 19 anos e nunca mais parou, embora considere pequeno o número de livros que publicou. “Para mim, foram só cinco, (além de O Quinze, As Três Marias, Dôra, Doralina, O Galo de Ouro e Memorial de Maria Moura), pois os outros eram compilações de crônicas que fiz para a imprensa, sem muito prazer de escrever, mas porque precisava sustentar-me”, recorda ela. “Na verdade, eu não gosto de escrever e se eu morrer agora, não vão encontrar nada inédito na minha casa”.

Recebe, em 06-12-2000, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.Em 2003, é inaugurado em Quixadá (CE), o Centro Cultural Rachel de Queiroz.Faleceu, dormindo em sua rede, no dia 04-11-2003, na cidade do Rio de Janeiro. Deixou, aguardando publicação, o livro "Visões: Maurício Albano e Rachel de Queiroz", uma fusão de imagens do Ceará fotografadas por Maurício com textos de Rachel de Queiroz.
FONTE:site Releituras.Obra Reunida.

Roberto Belo em Encontro no Rio de Janeiro com a Gerente de Patrocínios da Petrobras

Roberto Belo foi um dos selecionados em todo o Brasil pelo Ministério da Cultura, através da Secretaria Audiovisual e o Instituto Marlin Azul, para produção de um vídeo digital com repercussão nacional e internacional através dos festivais de cinema, pois o Revelando os Brasis, com Patrocínio da Petrobras através da Lei Rouanet, e, apoio do Canal Futura, TV Brasil e Rio Filme, é um projeto de formação e de inclusão audiovisual para democratizar o acesso às novas tecnologias e oferecer aos moradores de pequenas cidades a possibilidade de contar suas próprias histórias através de filmes.(Foto acima/Central:Escritor Roberto Belo e a Gerente de Patrocínio da Petrobrás,Eliane Costa)



O projeto vem registrar a memória e a diversidade do País, revelando novos olhares sobre o Brasil.
Durante sua apresentação no Rio de Janeiro, Roberto Belo se encontrou com artistas e com autoridades de apoio à cultura do País.(Foto acima/Central:Poeta Roberto Belo e a atriz Natália Dill)


J.K. Rowling ganha maior prêmio de literatura infanto-juvenil do planeta


J.K. Rowling ganhou o prêmio Hans Christian Andersen de literatura 2010,considerado o Nobel da Literatura Infanto-Juvenil . A criadora de Harry Potter  foi a primeira escritora a receber o prêmio de mais de US$ 93 mil, que foi entregue nesta terça-feira em uma cerimônia em Odense (Dinamarca), cidade natal do Andersen.
A honraria é dada aos escritores que podem ser comparados a Andersen (1805 - 1875), autor de mais de 160 contos de fadas e poemas, inclusive os clássicos O Patinho FeioA Pequena Sereia.
Ao receber o prêmio, Rowling disse que Andersen "criou personagens indestrutíveis, eternos".
Os sete livros da autora sobre o famoso bruxinho já venderam mais de 400 milhões de exemplares ao redor do mundo, traduzidos em dezenas de idiomas.
Fonte: Estadão online.

Prêmio Nobel de Literatura 2010 vai para MÁRIO VARGAS LLOSA

Não creio que o prêmio vá ter influência na minha literatura, não vai mudar para melhor nem para pior, nem vai influenciar nos temas, que foram construídos e escolhidos por mim”.(Mario Vargas Llosa)

O Prémio Nobel da Literatura 2010 foi atribuído ao escritor peruano Mario Vargas Llosa, pela "cartografia das estruturas do poder e afiadas imagens de resistência, rebelião e derrota do indivíduo" presentes nas suas obras. 


Vargas Llosa, atualmente professor convidado da Universidade de Princeton (EUA), se surpreendeu com a escolha da Academia Sueca e disse que o prêmio é "um reconhecimento à literatura latino-americana e em língua espanhola”. Atribui a conquista à sua vida dedicada à Literatura. E,sem sombra de dúvida, é o que continuará a fazer – Literatura -, o escritor que é uma das vozes mais fortes e respeitadas na literatura latino-americana, na defesa das coisas que são essenciais para o Peru, para a América Latina e o Mundo. Uma postura frontal que se reflete em seus livros, seja nos ensaios críticos, seja na ficção onde explora largamente a identidade latino-americana.
Em mais de um século de existência do prêmio, Mario Vargas Llosa é apenas o sexto escritor latino-americano a receber um Nobel. Antes dele, foram premiados a escritora chilena Gabriela Mistral (1945), o guatemalteco Miguel Ángel Asturias (1967), o também chileno Pablo Neruda (1971), o colombiano Gabriel García Márquez (1982) e o mexicano Octavio Paz (1990).
Autor de romances marcados fortemente por questões políticas e sociais da América Latina, destacando-se "A cidade e os cachorros", “A Casa Verde”, Conversa na Catedral, "Pantaleão e as visitadoras", Tia Julia e o Escrevinhador ,"A festa do bode" e "Travessuras da menina má", Llosa já havia recebido, entre outros, o Prêmio Cervantes, o mais importante da literatura em língua espanhola, em 1994. 
O Brasil tem sido tema recorrente em ensaios ou romances, como em "A guerra do fim do mundo", de 1981, inspirado na Guerra de Canudos,no interior da Bahia. Na semana passada, o escritor peruano esteve no Brasil. Mais precisamente em Porto Alegre como conferencista convidado do Ciclo de altos estudos Fronteiras do Pensamento, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
Sua breve visita a Porto Alegre e à URGS, no dia 14 de outubro, fez-me recordar o tempo de estudante do Curso de Ciências Sociais em Porto Alegre, na altura dos anos 1968 e 69, quando sua obra era tema de debates acalorados por uma geração de universitários que sonhava com a conquista da liberdade e da democracia , com o fim da opressão e da noite que cobriu todo o País. Uma literatura que rasga as veias de um continente e expõe para o mundo a alma latino-americana. “Conversa na Catedral,” publicado em 1969, lido e relido muitas vezes, seria o primeiro de muitos outros sobre os quais me debrucei na sua leitura. Obras que fizeram parte da minha formação de socióloga, de professora de Sociologia e de mulher brasileira.
Na sua conferência na URGS, Vargas Llosa, defendeu a democracia, a liberdade de expressão e falou sobre Cultura. Expressou seu medo de que o livro eletrônico leve à banalização da Literatura, ao afirmar: "É uma realidade que não pode ser detida. Meu temor é que o livro eletrônico provoque uma certa banalização da literatura, como ocorreu com a televisão, que é uma maravilhosa criação tecnológica, que, com o objetivo de chegar ao maior número de pessoas, banalizou seus conteúdos”. "Temos de impor ao livro eletrônico a riqueza de conteúdo que teve o livro de papel. A pergunta é se realmente queremos isso", questionou.

Não faltam projetos e muito menos “garra” para trabalhar ao escritor premiado aos 74 anos e que se prepara para o lançamento no início de novembro, em Madrid, de seu novo romance “El Sueño del Celta”, baseado na vida do irlandês Roger Casement (1864-1916),diplomata britânico que viveu muito tempo no Congo e na Amazônia tendo documentado com precisão os abusos e violações de direitos humanos,tecido crítica implacável contra o colonialismo europeu e lutado pela independência da Irlanda. 

O Prêmio Nobel de Literatura 2010, Mario Vargas Llosa, em seu livro mais recente lançado no Brasil,”Sabres e Utopias”- uma coletânea de ensaios e artigos sobre a América Latina, organizada pelo escritor colombiano Carlos Granés, permite visualizar a sua trajetória tanto literária quanto política. Temos aí a fotografia da sua maneira de pensar, sentir e reagir, retratando a face do crítico contundente diante de temas políticos e econômicos ou a face do intelectual brilhante no debate de temas culturais e literários deixando fluir a sua sensibilidade e sabedoria do homem de letras.
Mario Vargas Llosa, o cidadão do mundo, o grande romancista,crítico literário e político será no futuro recordado não por sua corrida a presidência do Perú em 1990 ou por sua defesa apaixonada do liberalismo econômico, mas sim por sua literatura vigorosa e por ser o grande vulto do pensamento cívico e cultural da sociedade latino-americana.

Mario Vargas Llosa nasceu em 1936, em Arequipa, no Peru. Professor universitário, académico e político, é uma personalidade intelectual de grande vulto e um dos mais importantes escritores da América Latina e do mundo. Da sua vasta obra, destacamos A Cidade os Cães (Prémio Biblioteca Breve, 1962; Prémio da Crítica Espanhola, 1963), A Casa Verde (Prémio Nacional do Romance do Peru, Prémio da Crítica Espanhola, Prémio Rómulo Gallegos, 1963), Conversa n' A Catedral (1969), Pantaleão e as Visitadoras (1973), A Tia Júlia e o Escrevedor (1977), A Guerra do Fim do Mundo (1981; Prémio Ritz-Hemingway - 1985), História de Mayta (1984), Quem Matou Palomino Molero? (1986), O Falador (1987), Elogio da Madrasta (1988), Lituma nos Andes (Prémio Planeta, 1993), Como Peixe na Água (1993), Os Cadernos de Dom Rigoberto (1997), Carta a uma Jovem Romancista (1997), A Festa do Chibo (2000), O Paraíso na Outra Esquina (2003) e Travessuras da Menina Má (2007).

Foi galardoado com muitos dos mais destacados prémios literários internacionais, entre eles o Prémio PEN/Nabokov, o Prémio Cervantes, o Prémio Príncipe das Astúrias e o Prémio Grinzane Cavour.

Fonte:

 Lélia Pereira da Silva Nunes,In Açores./Portal da Literatura

Agatha Christie, a Rainha do Crime, é a autora mais lida de todos os tempos


Caso estivesse viva, hoje, ela completaria 120 anos de idade, mas faleceu aos 86 anos deixando muita saudade

Dame Agatha May Clarissa Mallowan,ou simplesmente Agatha Christie,nasceu em Torquay,em 15 de setembro de 1890 e faleceu em 12 de janeiro de 1976.Romancista policial britânica e autora de mais de oitenta livros.
Agatha é a autora mais publicada de todos os tempos em qualquer idioma, somente ultrapassada pela Bíblia e por Shakespeare. Autora de oitenta romances policiais e coleções de pequenas histórias, dezenove peças e seis romances escritos sob o pseudônimo de Mary Westmacott. Foi pioneira ao fazer com que os desfechos de seus livros fossem extremamente impressionantes e inesperados, sendo praticamente impossível ao leitor descobrir quem é o assassino.

Conhecida como Duquesa da Morte, Rainha do Crime, dentre outros títulos, criou os famosos personagens Hercule Poirot, Miss Marple, Tommy e Tuppence Beresford e Parker Pyne, entre outros.

Casou-se pela primeira vez em 1914, com o Coronel Archibald Christie, piloto do Corpo Real de Aviadores. O casal teve uma filha, Rosalind, e divorciou-se em 1928.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Agatha trabalhou em um hospital e em uma farmácia, funções que influenciaram seu trabalho: muitos dos assassinatos em seus livros foram cometidos com o uso de veneno.

Em 1930, casou-se com o arqueólogo Sir Max Mallowan,que era 14 anos mais jovem que a escritora, e suas viagens juntos contribuíram com material para vários de seus romances situados no Oriente Médio. O casamento durou até a morte da escritora.

Em 1971 ela recebeu o título de Dama da Ordem do Império Britânico.

A única filha da escritora, Rosalind Hicks, morreu em 28 de outubro de 2004, também com 85 anos, de causas naturais,por isso os direitos autorais da obra de Agatha Chistie pertencem,agora,a seu neto, Mathew Prichard.

Agatha Christie passou a infância e a adolescência num ambiente quase recluso, pois sua mãe se encarregou de dar-lhe formação cultural, proibindo-a de freqüentar escolas públicas.Tinha trinta anos quando conseguiu publicar seu livro de estréia, O misterioso caso de Styles (1921).

Christie criou dois personagens inesquecíveis: o detetive belga Hercule Poirot, com suas prodigiosas celulazinhas cinzentas no cérebro, e Miss Marple, uma solteirona simpática, observadora sagaz e tão cerebral quanto o detetive belga.

Antes de morrer, em 12 de janeiro de 1976, cuidou também de preparar a despedida de Miss Marple; e voltou a mansão Styles, cenário de seu primeiro livro, para encerrar a carreira de Poirot em Cai o pano.

A autora começou a escrever sob influência da sua mãe, que a incentivou a criar um conto, para passar o tempo, enquanto se recuperava de uma forte constipação que a deixara de cama. Agatha chegou a duvidar da sua capacidade criadora, mas conseguiu. Continuou a escrever, encorajada por Eden Phillpotts, um teatrólogo amigo da família. Quando já era famosa, disse que, durante muitos anos, se divertiu escrevendo histórias melancólicas, em que a maioria dos personagens morria.

O primeiro romance de Agatha Christie, O Misterioso Caso de Styles, foi escrito no final da Primeira Guerra Mundial, durante a qual ela trabalhou como enfermeira. Nele criou Hercule Poirot, o pequeno detetive belga que mais tarde se tornaria o personagem de crimes de ficção mais popular depois de Sherlock Holmes. Esse foi publicado em 1920.

Em 1926, após uma média de um livro por ano, Agatha Christie escreveu a sua obra-prima: O Assassinato de Roger Ackroyd. Este foi o primeiro dos seus livros a ser publicado pela editora Collins, e marcou o início de um relacionamento autor-editor que durou 50 anos e 70 livros.

O Assassinato de Roger Ackroyd também foi o primeiro dos livros de Agatha Christie a ser dramatizado – sob o nome de Álibi – e a fazer sucesso no West End de Londres. A Ratoeira, a sua peça mais famosa, estreou em 1952 e é a peça de maior duração em cartaz da história. Ainda é encenada, no mesmo teatro de Londres, desde então.

Agatha Christie tornou-se Dama da Ordem do Império Britânico em 1971, morreu em 1976, e desde então vários livros seus foram publicados pós-morte: O romance de sucesso Um Crime Adormecido apareceu mais tarde naquele ano, seguido pela sua autobiografia e pela coleção de pequenas histórias Os Casos Finais de Miss Marple, Problem at Pollensa Bay e Enquanto Houver Luz.
Em 1998, Café Preto foi a primeira das suas peças a ser adaptada para o teatro por outro autor, Charles Osborne.

Um dos seus livros mais famosos, O Caso dos Dez Negrinhos (no original em inglês, Ten Little Niggers) - cujo título se baseia numa cantiga infantil tradicional de Inglaterra - causou muita polêmica na época em que foi publicado nos Estados Unidos devido a preocupações com acusações de racismo; por esse motivo, edições mais recentes receberam o título And Then There Were None (E Não Sobrou Nenhum).

O livro "Cai o Pano", narrando a última aventura de Hercule Poirot, foi publicado um pouco antes da sua morte. Agatha disse, quando publicou a história, que preferia matar o seu personagem mais famoso para evitar publicações que ela não aprovaria, após a sua morte.

Tanto "Cai o Pano" como "Um Crime Adormecido", o último livro da personagem Miss Marple, haviam sido escritos na década de 1940, devido à preocupação da autora em não sobreviver à Segunda Guerra Mundial - e também como uma forma de assegurar uma adicional fonte de renda para seu marido e sua filha, a quem ela legou os direitos sobre as obras - e ficaram guardados durante décadas no cofre de um banco.

Em sua autobiografia, Agatha descreve o crescente distanciamento entre ela e o marido após a compra de uma casa no campo, quando ele se tornou afeito ao golfe, dedicando a maior parte dos seus fins-de-semana ao desporto. Mas a crise sobreveio quando, após a morte da sua mãe, Agatha precisou assumir a organização da propriedade da família, Ashfield, em Torquay. Ela e o marido combinaram que iriam fechar a sua casa, e ela passaria o verão em Ashfield com a filha Rosalind, enquanto Archibald Christie, que trabalhava em Londres, passaria a pernoitar no seu Clube, na cidade. Com a missão concluída, a família reencontrar-se-ia para uma viagem à Itália.

Agatha passou cerca de três meses separando, sozinha, os documentos e objetos antigos da família, decidindo o que seria doado, jogado fora, distribuído entre os parentes – tarefa que, combinada com o seu sofrimento pela morte da mãe, a mergulhou numa profunda depressão. Na data combinada, Archibald Christie chegou e disse que não desejava mais viajar; por fim, acabou por confessar que, durante a sua temporada sozinho em Londres, se envolvera com outra mulher (Nancy Neele), e queria o divórcio para se poderem casar.

Esses eventos levaram ao colapso nervoso, que culminou com o famoso desaparecimento da escritora, que sumiu da sua residência em Surrey,em 03 de dezembro de 1990,reaparecendo no dia 14 em um hotel no norte da Inglaterra. Na verdade, o carro de Agatha foi encontrado abandonado, com as portas abertas, à beira de um lago, sem nenhum bilhete ou indício de seu paradeiro. Foram feitas buscas intensas, sem sucesso; falou-se de rapto, suicídio e assassinato; o marido infiel virou suspeito. No entanto, depois de 12 dias, o empregado de um hotel na cidade de Harrogate contactou a polícia, informando que uma hóspede do hotel parecia-se muito com as fotos divulgadas da escritora desaparecida. Chegando ao local, os investigadores constataram que se tratava de fato de Agatha Christie, que se havia registrado no hotel sob o nome de Theresa Neele (o mesmo sobrenome da amante do seu marido).

A despeito das diversas teorias aventadas sobre o episódio – inclusive a acusação de que se tratara de um golpe publicitário – a autora jamais entrou em detalhes sobre o acontecido; a declaração oficial foi de que ela tinha sofrido um colapso nervoso, que provocara uma crise de amnésia temporária.
Embora em seus livros autobiográficos não haja quase nenhuma informação sobre o episódio de seu desaparecimento, acredita-se que, em "O Retrato", publicado sob o nome de Mary Westmacott, Agatha conte muito da sua história através da personagem Celia, que pensa em suicídio após ser abandonada pelo marido.

Agatha Christie faleceu de causas naturais em 12 de Janeiro de 1976,aos 85 anos de idade, de causas naturais, em sua residência - Winterbrook, em Wallingford, Oxfordshire. E está enterrada no Cemitério da Paróquia de St. Mary, em Cholsey, Oxon.Deixou inconsoláveis milhões de leitores fiéis, e uma fortuna calculada em 20 milhões de dólares.
Fonte: Wikipédia e site pessoal da autora.

Escritora Rosa Regàs

Roberto Belo esteve nesse último final de semana com a premiada escritora Rosa Regàs,da Espanha. A autora, convidada especial da Universidade Federal de Pernambuco e do Instituto Cervantes do Recife, se apresentou durante duas conferências para os respectivos órgãos.

Rosa Regàs é graduada em Filosofia e Letras pela Universidade de Barcelona, fundou a Editora La Gaya Ciencia dedicada a publicar literatura, política, economia, filosofia, poesia, arquitetura e as Edições Bausán,dedicadas a literatura infantil.

Fundou e dirigiu revistas como a Revista Arquitectura Bis, foi tradutora “free lancer” na ONU (Organização das Nações Unidas) em Genebra, Nova York, Nairóbi, Washington, Paris, etc.

Em 1994, foi nomeada Diretora do Ateneu Americano da Casa de América de Madri, onde permaneceu durante quatro anos.

Em 2004, foi nomeada Diretora Geral da Biblioteca Nacional da Espanha, pela Ministra de Cultura Carmen Calvo. Cargo que ocupou até 2007.

Publicou contos em antologias e livros de vários autores como Cuentos de Cine, Mujeres al Alba,Heroinas de ficción.

Coordenou livros de relatos de autores barceloneses; colabora em publicações periódicas, programas de rádio e em revistas de viagem e opinião, e formou parte dos jurados de prêmios como Príncipe de Astúrias de Artes e de Letras.

Alegre, simpática e conhecedora profunda dos clássicos, Regàs revelou sua paixão pela literatura e ainda citou alguns autores de sua predileção como Marcel Proust e Miguel de Cervantes, ambos referência para Roberto Belo,que teve de se ausentar durante o coffee break devido a outros compromissos.


Prêmios:
1994 - Prêmio NADAL pela obra Azul
1999 - Prêmio CIUDAD DE BARCELONA de narrativa por Luna Lunera
2001 - Prêmio PLANETA pelo livro La Canción de Dorotea

Obras:
Ginebra(1987)
Memoria de Almator(1991)
Azul(1994)
Canciones de amor y de batalla(1995)
Viaje a la luz del Cham(1995)
Pobre corazón(1996)
Desde el mar(1997)
Más canciones(1998)
Sangre de mi sangre:la aventura de los hijos(1998)
Sombras,nada más(1998)

Luna lunera(1999)
Hi havia una vegada(2001)
La canción de Dorotea(2001)
Per un món millor(2002)
Diario de una abuela de verano.El paso del tiempo(2004)
El valor de la protesta.El compromiso con la vida(2004)
Volcanes dormidos.Un viaje por Centroamérica(2005)
Memòries de la Costa Brava(2006)
Viento armado

Fonte:Fotos de Thiago Moura/UFPE/Instituto Cervantes do Recife/Wikipedia