Falecimento do escritor e crítico literário Wilson Martins


Faleceu neste último dia 30,sábado,o Escritor e Crítico Literário Wilson Martins.O historiador,de 88 anos,morreu após complicações em uma cirurgia para a retirada da bexiga,no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba.O corpo foi cremado no Crematório do Vaticano, em cerimônia familiar,neste domingo.

Nascido em São Paulo,Martins formou-se em Direito,mas, depois de concluir um curso de especialização literária em Paris, passou a dedicar-se exclusivamente aos livros, como professor e crítico. Ministrou aulas na Universidade do Paraná e foi professor de literatura brasileira na Universidade de Nova York, aposentando-se do cargo em 1992.

Era considerado pelos colegas como o último crítico brasileiro, representante de uma geração de analistas de literatura conhecidos como “militantes”. Martins teve uma trajetória de mais de 50 anos analisando, discutindo, polemizando, em suma, exercendo a crítica de qualidade. Sempre deu preferência para o estudo de livros e autores brasileiros. Encarnou o lema de que ao crítico literário cabe sobretudo a coragem de evidenciar seus pontos de vista. Até quando sua saúde permitiu foi colunista do caderno Ideias, do Jornal do Brasil , sua derradeira atividade na imprensa.

É autor da monumental obra em 12 volumes História da inteligência brasileira; escreveu também A ideia modernista, Crítica literária no Brasil e A palavra escrita, entre outros. O crítico recebeu prêmios como o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, por duas vezes, por volumes do livro História da inteligência brasile ira, e o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, em 2002, pelo conjunto de sua obra.
FONTE:JB Online

Morre o escritor J.D. Salinger, aos 91 anos, nos EUA


Morre o escritor J.D. Salinger, autor de O Apanhador no Campo de Centeio, em New Hampshire. Tinha 91 anos. Era considerado a Greta Garbo da literatura americana e seu romance, mais do que um cult das letras universais, um emblema de uma geração.

O filho do escritor, em um comunicado divulgado pelo representante literário de Salinger, disse que ele morreu de causas naturais. Desde 1953 vivia isolado, por vontade própria, em sua casa em Cornish. Salinger sempre foi avesso a jornalistas, mantendo-se distante das entrevistas e fotos, como aqui no Brasil fazem os escritores brasileiros Rubem Fonseca e Dalton Trevisan.

"Gosto de escrever e asseguro a vocês que escrevo com regularidade", disse Salinger em uma breve entrevista com Baton Rouge Advocate em Luisiana, em 1980. "Mas escrevo para mim mesmo, por prazer. E quero ficar sozinho para escrever".

Salinger foi o autor de um dos maiores clássicos da literatura mundial, o romance O Apanhador no Campo de Centeio, com seu personagem principal marcando gerações com o tipo adolescente, rebelde e atormentado Holden Caulfield. Foi lançado em 1951, em plena Guerra Fria, mas fez sucesso por muitas décadas. O assassino de John Lennon, Mark David Chapman, carregava um exemplar no bolso e pediu um autógrafo do ex-Beatle nele, quando atirou contra Lennon diante do edifício onde morava, em Nova York, em 1980. Depois, disse que a explicação para o que tinha feito estava nas páginas de O Apanhador no Campo de Centeio.

Nascido em 1919, Salinger escrevia para adultos, mas jovens de todo o mundo se identificaram com os temas da alienação, inocência e fantasia de seu romance. Vendeu 65 milhões de exemplares.

Aqui no Brasil O Apanhador no Campo de Centeio é publicado com exclusividade pela Editora do Autor, que no ano passado lançou uma caixa com os três principais livros de Salinger. Além de sua obra-prima, incluia o volume de contos Nove Estórias (1953) e uma novela entitulada Franny & Zooey (1961), reunindo duas histórias publicadas na prestigiada revista New Yorker. A editora carioca fundada por Fernando Sabino (1923-2004), Rubem Braga (1913-1990) e comandada pelo sócio Walter Acosta, de 93 anos, lançou a primeira edição de O Apanhador aqui, em 1965. No ano passado surgiu no mercado uma sequência de seu clássico romance, 60 Years Later: Coming Through the Rye (60 anos mais tarde: passando pelo centeio), de um autor identificado como J.D. Califórnia. Salinger moveu uma ação na Justiça contra autor e editora.

Segundo o jornal The New York Times, muitos críticos gostam mais de Nove Estórias do que de O Apanhador..., como Philip Roth e John Updike, pela ácida crítica social de seus contos, mas especialmente sobre a arquitetura literária de suas histórias curtas, a chamada short story.

Jerome David Salinger nasceu em 1.º de janeiro de 1919, na cidade de Nova York. Seu pai era um importador de queijos e carnes judeu e sua mãe era cristã de origem irlandesa-escocesa; a família viveu por anos em Park Avenue. Como o personagem de seu romance, Holden, Salinger era um estudante com um histórico de problemas em várias escolas. Aos 15 anos, foi enviado para a Academia Militar de Valley Forge, onde escrevia durante à noite à luz de uma lanterna e com o tempo conseguiu seu diploma. Em 1940, publicou seu primeiro texto de ficção, The Young Folks, na revista Story.

Leia trecho de 'O Apanhador no Campo de Centeio'

"- Que maravilhoso encontrar com você! - ela falou. Puro fingimento. - Como vai teu irmão? - perguntou. Era só isso que ela queria saber.
(…)
- Você está sozinho meu querido? - a safada da Lillian perguntou. Ela estava interrompendo a droga do trânsito todo na passagem. A gente via logo que ela gostava um bocado de parar o trânsito. Tinha um garçon esperando que ela saísse da frente, mas ela nem reparou no sujeito. Era engraçado. Estava na cara que o garçon não gostava dela e que nem o cara da Marinha gostava muito dela, embora estivesse saindo com ela. E eu não gostava muito dela. Ninguém gostava. De certa maneira a gente tinha que sentir pena da infeliz.
(…)
- Holden, vem sentar conosco. Traz o teu drinque.

- Não, obrigado. Já estava saindo - respondi. - Tenho um encontro marcado.
(…)
Aí foi embora. O cara da Marinha e eu dissemos que tinha sido um prazer conhecer um ao outro. Esse é um troço que me deixa maluco. Estou sempre dizendo: "Muito prazer em conhecê-lo" para alguém que não tenho nenhum prazer em conhecer. Mas a gente tem que fazer essas coisas para seguir vivendo.

Depois que eu disse a ela que tinha um encontro marcado, não podia mesmo fazer droga nenhuma senão sair. Nem podia ficar por lá para ouvir o Ernie tocar alguma coisa minimamente decente. Mas não ia de jeito nenhum sentar numa mesa com Lillian Simmons e com aquele cara da Marinha e morrer de chateação. Por isso saí. Mas fiquei danado quando apanhei meu sobretudo. As pessoas estão sempre atrapalhando a vida da gente."
FONTE:Teresa Ribeiro do estadao.com.br, com agências internacionais

Escritores brasileiros falam sobre morte de Salinger

RUTH ROCHA, escritora - "Ele foi um autor muito importante, porque conseguiu chegar perto dos adolescentes. Ao fazer seu romance com muita espontaneidade, de forma muito automática, ele conseguiu aquele ritmo, o que deu a ele um sucesso incrível. Eu não tenho muito para falar sobre ele porque li seu romance há muitos anos, e não era mais adolescente. Ou seja: não sofri aquele impacto".

FAUSTO FAWCETT, músico e escritor - "Eu gosto da mitologia que ficou cravada a partir da narrativa do livro O Apanhador no Campo de Centeio, ligada à estranheza do adolescente, da juventude americana. Passei a vida inteira ouvindo falar do livro, o que criou esse fascínio pela mitologia, muito mais do que pelo conteúdo do livro".

JORGE MAUTNER, músico, filósofo e escritor - "O livro dele influenciou muita gente. É meio zen-budista, e isso marcou muito. O zen já aparecia no existencialismo e no movimento beat, mas ele deu uma forma tipicamente norte-americana a essa leitura e criou um certo mito em torno dele próprio. Esse livro andava de mão em mão nos anos 60".

MARÇAL AQUINO, escritor - "Ao contrário da maioria, gosto do Salinger contista. Devo ser um dos pouquíssimos leitores, escritores ou não, que não curtem O Apanhador no Campo de Centeio, talvez por tê-lo lido tardiamente, quando já tinha vinte e pouco anos. E, no fundo, acho uma lástima que esse livro seja tão cultuado a ponto de praticamente impedir que as pessoas conheçam outras obras de Salinger, como o esplêndido Nove estórias, que mostra que ele foi um dos grandes mestres da narrativa curta.

FERREIRA GULLAR, poeta - "Eu li há tantos anos o Apanhador, nem lembro mais. Não tenho a menor ideia do que dizer. Prefiro não me manifestar"

PEDRO CORREA DO LAGO, livreiro, colecionador, editor e autor - "Todo mundo leu O Apanhador no Campo de Centeio, cuja primeira tradução, do Jorio Dauster, é primorosa. Eu não gosto do título, que é uma tradução literal. Dauster depois foi ministro e embaixador. Não me identifico muito com o livro, mas é claro que havia ali preocupações universais de adolescentes. Ele era mais conhecido pela misantropia. Eu presenciei um leilão de um ticket de cartão de crédito assinado por ele, que foi vendido por US$ 1 mil. Era mais cultuado nesse sentido, pelo fato de ter se retirado – embora com menos sucesso do que Thomas Pynchon, que se retirou completamente. Salinger ainda foi fotografado, e entrevistado, e se correspondia com amigos. Batia à máquina suas cartas e eu mesmo, que sou colecionador de correspondências, mantenho alguns textos que ele mandou a amigos. O personagem que ele criou, Holden Caufield, é muito interessante e marcadamente norte-americano. Era um autor legal. Só podia ser: para alguém que escreveu um único livro com esse nível de repercussão, tá bastante bom, não?"
FONTE:estadao.com.br

Escritor Christopher Reid Ganha Prêmio com Poemas


Christopher Reid ganha prêmio com poemas escritos para sua mulher doente

O poeta britânico Christopher Reid, 60, é o grande vencedor do prêmio Costa de Literatura (antes chamado de Whitbread Book), um dos mais importantes da Inglaterra. Ele venceu com a coletânea de poemas "A Scattering" ("A Dispersão", em tradução livre), escritos durante a fase final da doença de sua mulher e meses depois de sua morte.

O prêmio soma 30 mil libras (cerca de R$ 90 mil). Ele era um dos cinco finalistas ao prêmio, entregue em Londres.

No começo do mês, já havia sido anunciada a lista dos vencedores em cinco categorias: Reid na poesia, Colm Tóibín no romance, com "Brooklyn", Raphael Selbourne na melhor primeira obra, por "Beauty", Graham Farmelo na biografia, com "The Strangest Man", e Patrick Ness na literatura infantil, por "The Ask and the Answer". Cada vencedor levou 5 mil libras (cerca de R$ 15 mil).

"Estou absolutamente encantado e desconcertado por receber este importante prêmio literário. O livro foi, em si, difícil de escrever, mas tem tido uma época feliz desde que chegou às mãos do meu editor", disse Reid.

Josephine Hart, presidente do júri, descreveu a obra de Reid como "uma obra-prima", cheia de frases inesquecíveis. Ela comparou o poeta a autores como W.B. Yeats e Thomas Hardy, que se inspiraram em suas tragédias pessoais para escrever.

"De uma forma estranha, [o livro] impele à vida, pois fala do triunfo do amor antes e depois da morte", disse Hart.

"Sentimos que se trata de um livro que desejávamos que todos lessem após a adolescência (...) Consideramos este trabalho austero, belo e emocionante."

O Costa de Literatura era, até 2006, conhecido como Whitbread Book, criado em 1971. O nome mudou após a troca de patrocinador. Saiu o grupo Whitbread, que começou como uma cervejaria e hoje tem negócios nos setores de hotelaria e lazer. Entrou a rede Costa, de cafeterias. Só podem participar do prêmio autores nascidos na Irlanda ou Grã-Bretanha.

Além do Costa, a literatura inglesa também é celebrada com o cobiçado Booker Prize, considerado o prêmio literário britânico de maior prestígio, cujo resultado só sai no segundo semestre do ano.
FONTE:Folha Online(Com agências internacionais)

Morre aos 77 anos o escritor policial Robert B. Parker

Robert B. Parker, cujo estilo sucinto e eloquente fez do investigador particular Spenser um dos mais reconhecíveis personagens de ficção de Boston, sofreu um ataque cardíaco em sua escrivaninha, na casa em que vivia em Cambridge. Ele morreu na hora, aos 77 anos.

Musculoso e áspero como seu criador, Spenser tinha outros traços em comum com Parker. Por trás de uma aparência externa combativa, os dois gostavam de comida fina acompanhada por uma boa cerveja. Os dois tinham um senso aguçado de humor e seguiam um rígido código de honra.

Ao longo das três dúzias de romances protagonizados por Spenser que ele deixou, Parker apresentou a cidade de Boston a milhares de leitores; a cidade era protagonista tão importante de suas histórias quanto o corpulento investigador que as estrelava. Em um gênero previsível, Parker criou um detetive complexo e dotado de um lado sensível. O diálogo sardônico entre Parker e a perpétua namorada Susan Silverman, que trabalha como psicanalista, representa uma releitura moderna da troca de farpas verbais entre os personagens Nick e Nora Charles, criados gerações antes pelo conhecido escritor policial Dashiell Hammett.

"Ele foi responsável por uma virada sísmica na literatura policial", disse Dennis Lehane, um escritor de grande sucesso de venda cujos romances Mystic River e Gone, Baby, Gone, foram adaptados para o cinema. "Ele subitamente tornou os romances policiais sexy, no melhor sentido do termo. Havia uma forma de ficção policial antes de Bob, e outra depois dele".

Joseph Finder, outro escritor de Boston, autor de romances de espionagem, disse que Parker "tomou as histórias urbanas de detetives particulares, que estavam estagnadas há anos, desde James M. Cain e Raymond Chandler, e as revitalizou. Ele incorporou muitas das linhas temáticas padronizadas -o detetive durão, solitário, o homem honrado percorrendo as ruas perigosas- e as atualizou, de modo que o personagem Spenser se tornou quase um avatar do escritor -um homem que cozinhava e que sempre foi extremamente dedicado a uma mulher, da mesma maneira que Bob Parker com relação à sua esposa, Joan".

Com 65 livros publicados em 37 anos de carreira, Parker era tão prolífico quanto culto. Usou Spenser -"escrito com S, como o poeta inglês"- em 37 desses romances. Também escreveu 28 outros livros, entre os quais uma série protagonizada por Jesse Stone, o chefe de polícia da fictícia Paradise, Massachusetts, e uma por Sunny Randall, uma investigadora particular em Boston.

Seu mais recente livro, Split Image, protagonizado por Stone, deve sair no mês que vem, informou a agente de Parker, Helen Brann, de Nova York.

O personagem mais conhecido do escritor foi transformado em série de TV, Spenser for Hire, estrelada por Robert Urich. As histórias de Jesse Stone foram adaptadas para a televisão, em filmes estrelados por Tom Selleck; e Appaloosa, uma história do velho oeste que Parker escreveu em 2005, foi adaptada para o cinema em 2008, com direção e interpretação de Ed Harris, cujas estantes abrigam prateleiras inteiras das obras de Parker.

"Robert escreveu sobre a amizade entre dois homens de uma maneira que me inspirou", disse Harris sobre Appaloosa. "Era uma história perfeita, uma ótima sensação".

Parker, acrescentou o ator, "era um tesouro nacional. Eu o amava, e vou sentir sua falta".

Brann, que representa Parker há 42 anos, disse que ele teve um ataque cardíaco quando sua mulher não estava em casa. "Ela falou com ele mais cedo, e saiu para uma caminhada. Quando voltou, uma hora mais tarde, ele havia morrido", disse Brann. "Estava em sua escrivaninha, como quase sempre".

Produzindo quase cinco páginas de texto ao dia, Parker mantinha um ritmo que poucos escritores são capazes de imitar. Quando perguntado sobre o seu segredo, ele fazia tudo parecer simples.

"A arte de escrever um bom policial é simplesmente a arte de escrever", ele disse ao Boston Globe em 2007. "Você cria personagens interessantes e os coloca em circunstâncias interessantes, e depois descobre como livrá-los delas. As pessoas usualmente não se surpreendem com os finais dos meus livros".

Talvez, mas leitores de todo o mundo corriam para devorar romance após romance. Brann estima que Parker tenha vendido mais de seis milhões de livros em todo o mundo, ao longo de sua carreira. Seu trabalho foi traduzido para 24 idiomas.

Ele era professor de inglês na Universidade Northeastern quando começou a escrever os romances protagonizados por Spenser, cujo primeiro nome jamais é revelado. Parker não apreciava a vida acadêmica e não escondia sua animosidade, já na primeira sentença de seu primeiro romance: "O escritório do reitor da universidade parecia o saguão de um bordel vitoriano bem sucedido".

Em 1975, Walter Robinson, resenhista do Boston Globe, recebeu positivamente God Save the Child, o segundo romance de Parker: "Spenser está de volta, e ainda bem que isso aconteceu rápido o bastante para que os apreciadores dessa rara combinação entre boa literatura e bom romance policial possam desfrutar".

Parker se criou em Springfield, onde ele conheceu Joan Hall em uma festa de aniversário quando os dois tinham três anos de idade. Voltaram a se encontrar anos mais tarde, no Colby College, no Maine. Ele decidiu conquistá-la. Ela primeiro resistiu, mas terminou cedendo. Casaram-se em 1956.

"Ele era muito inteligente, e sabia disso, e eu apreciava o fato", ela disse ao Boston Globe em 1981. "Sempre foi o único homem que não me entediou".

Depois de servir o exército, Parker teve diversos empregos antes de fazer seu doutorado em literatura inglesa na Universidade de Boston.

No começo dos anos 80, o casal se separou mas posteriormente os dois voltaram a viver juntos, sob um arranjo que reconhecem publicamente como incomum, mas que funcionou para eles: compraram uma casa grande em Cambridge, e cada um tinha uma ala separada.

Parker dedicava todos os seus livros à mulher, e disse ao Boston Globe em 1992 que "ela foi o fator central da minha vida desde que eu era criança. Não é possível me compreender sem compreender o que me une a ela".

Além da mulher, Parker deixa dois filhos ¿David, de Nova York, e Daniel, de Santa Monica, Califórnia. A família planeja uma cerimônia fúnebre.

A despeito da riqueza e da fama propiciada pela televisão, cinema e vendas mundiais, Parker "era um sujeito muito confiável, um homem despretensioso", disse Kate Mattes, proprietária da livraria Kate's Mystery Books, em Cambridge, há 26 anos. "Ele jamais era arrogante, jamais se gabava, ainda que certamente tivesse o direito de fazê-lo".

Parker, que muitas vezes se comparou a um carpinteiro que faz livros, ajudou outras pessoas a aprender o ofício.

"Minha dívida é imensa, e sempre fui muito claro quanto a isso", disse Lehane. "Meu primeiro livro tem tanto de Robert Parker no primeiro capítulo que até me surpreende que ele nunca tenha me processado".
FONTE:Bryan Marquard/(Tradução: Paulo Migliacci),Através do Portal Terra.

Reverência aos 90 Anos de João Cabral de Melo Neto


Em 09 de janeiro de 1920,nasceu na cidade de Recife,o engenhoso João Cabral de Melo Neto,Poeta e Diplomata;primo dos escritores Manuel Bandeira e Gilberto Freyre.

Desde a publicação de um dos meus títulos no mercado editorial, venho observando certas semelhanças,digo,coisas comuns entre mim e certos autores, como este fazendeiro de palavras que lançou,assim como eu, sua primeira obra, Pedra do Sono, aos 22 anos de idade,obra também poética.

Hoje completaria noventa anos de idade, caso estivesse vivo, mas infelizmente o perdemos em 09 de outubro de 1999(aos 79 anos),ano que pensávamos que seria agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura.Excluindo o Nobel,ele recebeu vários outros títulos importantes como Neustadt International Prize for Literature — 1992;Prêmio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana — 1994 e o Prêmio Camões.

Sua obra poética, caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes, inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.Quando o leitor é confrontado com a poesia de Cabral percebe-se, a princípio, de um certo número de algumas dualidades antitéticas, por vezes obsessivas. Entre espaço e tempo, entre o dentro e o fora, entre o maciço e o não-maciço... Entre o masculino e o feminino, entre o Nordeste desértico e a Andaluzia fértil, ou entre a Caatinga desértica e o úmido Pernambuco. É uma poesia que causa algum estranhamento porque não é emotiva, mas sim cerebral. Melo Neto não recorre ao pathos ("paixão") para criar uma atmosfera poética, mas a uma construção elaborada e pensada da linguagem e do dizer da sua poesia.

Jogue a primeira pedra quem nunca leu Morte e Vida Severina (1966)?Difícil não rir e chorar com os versos ali desenhados,com a vida ali recriada.Melo Neto sabia como ninguém escrever a história de sua gente,do seu povo,do ser humano.Estou relendo essa maravilha da criação e ouvindo o musical na voz de Chico Buarque de Holanda.

"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."
(Morte e Vida Severina)

João Cabral de Melo Neto nos mostrou que além da morte está a vida,que além do sofrimento está a alegria,por isso ele dá ênfase ao filho do retirante José “Estais aí conversando/em vossa prosa entretida:/não sabeis que vosso filho/saltou para dentro da vida?/Saltou para dentro da vida/ao dar seu primeiro grito...”

Algumas obras:Os Três Mal-Amados (1943);O Cão sem Plumas (1950);O Rio ou Relação da Viagem que Faz o Capibaribe de Sua Nascente à Cidade do Recife (1954);Quaderna (1960);A Educação pela Pedra (1966);Morte e Vida Severina (1966).

Há 50 Anos Morria Albert Camus,Ardoroso Romancista


Sempre fui apaixonado por um bom texto,desde minha formação literária na Biblioteca Professor Gilberto Freyre,em Recife.Independente do Autor,da Editora e da Categoria na qual a obra está inserida,sempre respeitei e respeito um texto bem escrito.
Ora,quando tomei conhecimento da obra de Albert Camus,há algum tempo,logo pude compreender sua importância para nossa formação humanística e cultural,pois Camus revela-nos o sabor gostoso de uma boa prosa.Estou relendo A Peste,romance que desfia a lúcida aceitação do destino humano.O autor soube de fato dominar a arte literária.

“...compreendo que todo o meu horror de morrer está contido em meu ciúme de vida... sou invejoso porque amo demais a vida para não ser egoísta.” Albert Camus – A Morte Feliz

Nem fazia três anos que ele recebera o Prêmio Nobel de Literatura quando o acaso o ceifou aos 46 anos de idade, no dia 4 de janeiro de 1960. Albert Camus tinha horror à chuva e a andar de automóvel, pois morreu num acidente de carro num dia chuvoso. Aceitara uma carona para Paris do seu editor Michel Gallimard e, junto aos seus papéis, encontraram os manuscritos do que ele imaginava ser a sua terceira fase literária: Le Premier Homme, O Primeiro Homem.

Camus, antes de tudo, foi um assombro. Nascera em meio proletário, em Mondovi, na Argélia, em novembro de 1913, periferia da periferia do império francês. Era um pé-negro, um “branco de segunda classe”, segundo os critérios da época. Desde cedo atacado pela tuberculose, fez da pressa o motor da sua produção, visto que nunca imaginou conseguir sobreviver.

Antes dos 30 anos de idade, já tinha escrito suas obras fundamentais: uma novela (O Estrangeiro), um ensaio (O Mito de Sísifo) e uma peça teatral (Calígula). Viu o mundo como que governado pelo absurdo, um sem sentido que somente poderia ser suportado pelo sentimento de revolta.

Durante a ocupação da França (1940-1944), corajoso, assumiu a redação do jornal Combat para insuflar a luta antinazista. Todavia, não acreditava que a guerra fosse desembocar numa revolução radical como era desejo dos comunistas franceses. Afastou-se aos poucos também da esquerda independente comandada por Jean-Paul Sartre, a quem criticava por ser condescendente com os crimes de Stalin, tornando-se um acérrimo inimigo do totalitarismo fosse qual fosse sua tonalidade. Dessa época, seu feito maior foi a novela A Peste, de 1947, monumento alegórico da Resistência contra o invasor.

Ao receber a magna lauda em Estocolmo, em 1957, lembrou que quando as luzes do mundo se refletiam sobre ele e sua obra, inúmeros outros escritores, especialmente no Leste Europeu, viviam condenados à sombra do Estado-total, opressor das liberdades.

Uns anos antes, em 9 de agosto de 1949, Camus, viajante tenaz, desembarcou em Porto Alegre. Era um dia tenebroso do nosso inverno quando Erico Verissimo o recebeu para uma rápida passagem e uma palestra intitulada “A Europa e o crime”, que ministrou no Instituto de Belas Artes. A tísica voltara a cobrar-lhe esforço. Recuperou-se o suficiente para morrer naquele acidente estúpido que o levou quando Paris já se fazia tão próxima. Deixou-nos com ciúme da vida, com inveja dos que viriam depois dele.

Albert Camus: somos todos estrangeiros

Em “O Mito de Sísifo”, Camus também desafia o leitor logo na abertura do livro: “Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio.” No romance “A Peste”, ele cria uma representação do nazismo e dos regimes totalitários ao contar a história de uma cidade devastada pela peste bubônica.

Camus faz parte daquela galeria de escritores que produziram livros como quem ergue catedrais. São verdadeiras obras de arte. Considerando os autores do seu tempo, está na companhia de Jean Paul Sartre, Ernest Hemingway, William Faulkner - todos ganhadores do Nobel de Literatura, inclusive ele, Camus, em 1957. Não é por acaso que os 50 anos da sua morte, completados em 4 de janeiro de 2010, abrem intermináveis debates sobre a importância da sua obra.

Como profeta do seu próprio destino, Camus refletiu muito sobre o absurdo da existência. E foi numa situação absurda que encontrou a morte. Enquanto tinha a passagem para fazer uma viagem de trem, optou por se deslocar de carro. O automóvel bateu numa árvore e ele morreu na hora.

Camus ganhou fama nas décadas de 1940 e 1950 a partir da publicação de “O Estrangeiro”. Era o tempo em que os intelectuais franceses (ou estrangeiros de passagem pela França, como ele, de origem argelina) ditavam modelos de pensamento, de existência, de estilo de vida e de personalidade. Amigo de Sartre, rompeu com ele por causa de divergências intelectuais. A publicação de “O Homem Revoltado”, de Camus, foi o pomo da discórdia entre os dois. Visionário, Camus também rompeu com o comunismo. Identificou antes de muita gente (antes mesmo do que Sartre) as ilusões daquela ideologia de origem marxista.

Camus esteve uma vez no Brasil. Seus escritos de viagem narram visitas a São Paulo, onde se encontrou com Oswald de Andrade, e a Iguape, no litoral sul paulista. A leitura dessas páginas, embora não sejam ficção, impressiona pela semelhança do escritor e filósofo com Mersault, o herói de “O Estrangeiro”.

No entanto, acima do homem e do existencialista, estão os seus livros. Como todo escritor de grande talento, ele criou um estilo próprio. Conciso, denso, frases curtas. Perguntas, muitas delas sem respostas, afirmações desconcertantes, negações vazias, confissões devastadoras como esta: “Eu amo a vida, eis a minha verdadeira fraqueza. Amo-a tanto, que não tenho nenhuma imaginação para o que não for vida.”

Fonte:Zero Hora(Voltaire Schilling) e Jornal Cruzeiro do Sul(Carlos Araújo).

“Ler é reavivar a vida” (RB)

“...leitura e literatura têm tudo a ver com o bem das pessoas...Pela Leitura rompemos as fronteiras do nosso ‘pequeno mundo’ e adentramos em novos ‘continentes’,voltamos ao passado e viajamos para o futuro,interagimos com diversos autores,ilustradores,personagens e com os maiores gênios da cultura,experienciamos novos sentimentos,fantasia,nos humanizamos e nos tornamos mais sensíveis,vivenciamos novos valores e idéias;enfim,a leitura é um grande canal de diversão,crescimento e amadurecimento.”
(JAKSON FERREIRA, Catálogo infanto-juvenil, Paulus, 2003)

“Alguns livros funcionam como uma chave para as salas desconhecidas do nosso próprio castelo.”(Franz Kafka)

Quando o assunto é férias não há nada melhor que pôr a leitura de bons livros em dia,pois é justamente isso que tenho feito nesses últimos anos.
Passei uma manhã inteira fuçando minha biblioteca e acabei selecionando alguns títulos do meu acervo para estas férias;são obras que podem ser lidas em no máximo trinta dias,como Jubiabá(Jorge Amado) e outras em quarenta e cinco dias,como Grande Sertão:Veredas(João Guimarães Rosa)

LIVROS QUE FINALMENTE TERMINAREI DE LER:
À sombra das raparigas em flor – Marcel Prost/Tradução de Mário Quintana)
A peste – Albert Camus
O príncipe – Maquiavel
Os sofrimentos do jovem Werther – Johan Wolfgang Goethe
Vozes do deserto – Nélida Piñon
A última dama da noite – Rafael Rocha
Jubiabá – Jorge Amado

“A leitura é uma habilidade que exige esforço intelectivo antes de torna-se fruição.Independente do nível de desenvolvimento do leitor,os textos literários devem suscitar o prazer da leitura pela leitura,estimulando o imaginário e propiciando motivação estética.”
(Catálogo de Literatura Juvenil 2006-2007,Scipione)

Direitos imprescritíveis do leitor
1.O direito de não ler.
2.O direito de pular páginas.
3.O direito de não terminar um livro.
4.O direito de reler.
5.O direito de ler qualquer coisa.
6.O direito ao bovarismo
(doença textualmente transmissível)
7.O direito de ler em qualquer lugar.
8.O direito de ler uma frase aqui outra ali.
9.O direito de ler em voz alta.
10.O direito de calar.
(DANIEL PENNAC,Como um romance,Rocco)

OBRAS QUE RELEREI E OUTRAS QUE DEVORAREI NESSES POUCOS MESES
Literatura Universal:
Ilíada
Odisséia
Peter Pan
Romeu e Julieta
Otelo
Robin Hood
Os miseráveis
Os cavaleiros da Távola Redonda
O pequeno príncipe
Sonho de uma noite de verão
O retrato de Dorian Gray
O escaravelho de ouro
A volta ao mundo em oitenta dias
Aventuras de Tom Sawyer
Dez semanas num circo
Bouvard e Pécuchet
O fantasma de Canterviller
Os assassinatos da rua Morgue

Literatura Brasileira:
Menino de Engenho –José Lins do Rêgo
O Guarani – José de Alencar
Grande Sertão:Veredas – João Guimarães Rosa
Triste Fim de Policarpo Quaresma – Lima Barreto
Iracema – José de Alencar
João Miguel – Rachel de Queiroz
A Hora dos Ruminantes – José J. Veiga
Mar Morto – Jorge Amado
Eu e Outras Poesias – Augusto dos Anjos
Rua doa Cataventos – Mário Quintana
Cânticos – Cecília Meireles
Libertinagem – Manuel Bandeira
O Cão Sem Plumas - João Cabral de Melo Neto
Morte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto
Poema Sujo – Ferreira Gullar

Literatura Infanto-Juvenil:
Bisa Bia,Bisa Bel – Ana Maria Machado
O segredo da casa amarela – Giselda Laporta Nicolelis
O sertão vai virar mar – Moacyr Scliar
A ladeira da saudade – Ganymédes José
Sujo!Corrupção no Brasil – Júlio Emílio Braz
Criança na escuridão – Júlio Emílio Braz
Veludinho – Martha Azevedo Pannuzio
Histórias de bobos,bocós,burraldos e paspalhões – Ricardo Azevedo
Sempre haverá um amanhã – Giselda Laporta Nicolelis
Triângulo de fogo – Carlos Augusto/Giselda Laporta/Rosana Rios

OUTROS:
Sidarta – Hermann Hesse
Marília de Dirceu – Tmás Antônio Gonzaga
A história de Bernada Soledade – Raimundo Carrero
Joaquim Nabuco(um exemplo de pernambucanidade) – Manuel Correia de Andrade
Brasileiridade(Biografia de Gilberto Freyre) – Fernando de Mello Freyre

“...um livro aberto é o coração de algum louco exposto ao mundo(...)É o nada com o tudo.”
(ROBERTO BELO,A Arca da desigualdades,dos sentimentos e da luxúria,All Print)